Por que Ednaldo Rodrigues foi afastado da presidência e qual o futuro da CBF?
Não é a primeira vez que o dirigente recebe uma ordem judicial para deixar o poder executivo da entidade máxima do futebol brasileiro

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O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, foi afastado do cargo por decisão da 19ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).
Ele já havia sido retirado em 2023, mas voltou rapidamente à presidência após recurso no STF, medida no qual tomou outra vez ainda na quinta-feira (15/05) ao ministro Gilmar Mendes.
Por que Ednaldo Rodrigues foi afastado da CBF?
O desembargador Gabriel De Oliveira Zefiro, da 19ª Câmara Cível, acatou pedido de Fernando Sarney, um dos vice-presidentes da entidade, por indícios de falsificação de assinatura.
Esse acordo judicial manteve Ednaldo na gestão. De acordo com a decisão, Antônio Carlos Nunes, o Coronel Nunes não tinha condições cognitivas de ter assinado o documento.
Qual o futuro da presidência da CBF?
Diante da revisão da assinatura, questionando a veracidade da rubrica, Fernando Sarney foi nomeado interventor provisório da CBF, responsável por convocar novas eleições.
Reeleito em 2025 para mandato até 2030, com o voto dos clubes atuais da Série A e B, além das 27 federações, o dirigente perdeu apoio, segundo o jornalista Pedro Ivo Almeida.
Um grupo formado por 19 dessas empresas assinam o documento entitulado como "Manifesto pela Estabilidade, Renovação e Descentralização do Futebol Brasileiro" (veja abaixo).
Por enquanto, apenas as instituições de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso e Amapá não se colocaram a favor de ter um novo pleito.
Manifesto assinado pelas 19 federações na íntegra:
No momento, a CBF passa a ser comandada interinamente por José Perdiz, presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), nome indicado pelo próprio STJ para conduzir a entidade até a regularização do processo eleitoral.
A possibilidade de retorno de Ednaldo Rodrigues depende agora de duas frentes: a decisão definitiva da Justiça sobre a validade da eleição de 2022 e a realização de um novo pleito. Caso a anulação da eleição seja mantida, ele poderá se candidatar novamente, desde que não haja impedimentos legais ou administrativos.
A situação gera apreensão no meio esportivo, especialmente pela proximidade de competições importantes, como a Copa América e as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026. Clubes, federações e patrocinadores aguardam com expectativa os próximos passos da Justiça e da própria CBF.
O futebol brasileiro vive um momento decisivo. É urgente enfrentar desafios estruturais que há anos limitam o potencial do nosso futebol. Precisamos de um calendário equilibrado, arbitragem profissionalizada, gramados de qualidade, segurança nos estádios e competições fortalecidas.
Para que isso aconteça, é fundamental garantir estabilidade institucional à CBF. Precisamos virar a atual página de judicialização e instabilidade que há mais de uma década compromete o bom funcionamento da entidade e o avanço do futebol brasileiro. É também momento de resgatar a autonomia interna da CBF, hoje sufocada por uma estrutura excessivamente centralizada e desconectada das instâncias que compõem o ecossistema do futebol nacional.
Além da estabilidade, o cenário exige uma renovação de ideias, de práticas e de lideranças, bem como a profissionalização definitiva das estruturas de gestão. A CBF precisa ser exemplo de governança, eficiência e transparência — e também precisa voltar a ser a casa de todos que constroem o futebol brasileiro, com um ambiente saudável, inspirador e descentralizado, em que cada um possa contribuir ativamente para a melhoria do esporte que constitui verdadeiro patrimônio nacional.
Unidos com esse propósito, assumimos o compromisso de construir uma candidatura à Presidência e Vice-Presidências da CBF comprometida com um novo ciclo para o futebol brasileiro: mais democrático, mais integrado e mais aberto à participação de todos. Queremos uma CBF forte, querida por dentro, admirada por fora — e novamente amada por todos que fazem do futebol a alma do nosso país.